“Quer nos voltemos para o lado da
história contemporânea, para o lado das produções semióticas maquínicas ou para
o lado da etologia da infância, da ecologia social e da ecologia mental,
encontraremos o mesmo questionamento da individuação subjetiva que subsiste
certamente, mas que é trabalhada por Agenciamentos
coletivos de enunciação. No ponto em que nos encontramos, a definição
provisória mais englobante que eu proporia da subjetividade é: ‘o conjunto das
condições que torna possível que instâncias individuais e/ou coletivas estejam
em posição de emergir como território existencial auto-referencial, em
adjacência ou em relação de delimitação com uma alteridade ela mesma subjetiva.
Assim, em certos contextos
sociais e semiológicos, a subjetividade se individua: uma pessoa, tida como
responsável por si mesma, se posiciona em meio a relações de alteridade regidas
por usos familiares, costumes locais, leis jurídicas... Em outras condições, a
subjetividade se faz coletiva, o que não significa que ela se torne por isso
exclusivamente social. Com efeito, o termo ‘coletivo’ deve ser entendido aqui
no sentido de uma multiplicidade que se desenvolve par além do indivíduo, junto
ao socius, assim como aquém da pessoa, junto a intensidades pré-verbais,
derivando de uma lógica dos afetos mais do que de uma lógica de conjuntos bem
circunscritos.”
In CAOSMOSE – um novo paradigma
estético – Félix Guattari – Editora 34 – RJ, 1992.

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