
Porque antes de Eva foi
Lilit, lê-se num texto hebraico. Sua lenda inspirou ao poeta inglês Dante
Gabriel Rossetti (1828-1882) a composição de Eden Bower. Lilit era uma
serpente; foi a primeira esposa de Adão e lhe deu glittering sons and radian
daughters (filhos resplandecentes e filhas radiantes). Depois, Deus criou Eva;
Lilit, para vingar-se da mulher humana de Adão, instou-a a provar o fruto
proibido e a conceber Caim, irmão e assassino de Abel. Tal é a forma primitiva
do mito, seguida por Rossetti. Ao longo da Idade Média, a influência da
palavra layil, que em hebraico quer dizer noite, foi transformando esse mito.
Lilit deixou de ser uma serpente para ser um espírito noturno. Às vezes é um anjo
que rege a procriação dos homens; outras, um demônio que assalta os que dormem
sós ou os que andam pelas estradas. Na imaginação popular costuma assumir a
forma de uma mulher alta e silenciosa, de negros cabelos soltos.
In O Livro dos seres
imaginários, Jorge Luis Borges e Margarita Guerrero, Editora Globo, RJ, 1981.
(grifo meu)

Nenhum comentário:
Postar um comentário