O Clube de Arte ‘Quase-Ser-Tão’ é um encontro de pessoas que amam a arte e que desejam educar pela arte. Movido pela convicção no poder civilizador da atividade artística, o grupo promove reuniões para fazer e consumir arte.
domingo, 30 de novembro de 2014
sábado, 29 de novembro de 2014
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
terça-feira, 18 de novembro de 2014
MÁRIO QUINTANA PARA CAROLINA:

PROMESSAS MATRIMONIAIS – MÁRIO QUINTANA
Em maio de 98, escrevi um texto
em que afirmava que achava bonito o ritual do casamento na igreja, com seus
vestidos e tapetes vermelhos, mas que a única coisa que me desagradava era o
sermão do padre: “Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na
doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?”
Acho simplista e um pouco fora da
realidade. Dou aqui novas sugestões de sermões.
Promete não deixar a paixão fazer
de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu
amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por
livre e espontânea vontade?
Promete saber ser amigo (a) e ser
amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso
lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou uma pessoa menos romântica?
Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento
e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se
concretizar?
Promete sentir prazer de estar ao
lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e,
portanto, a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?
Promete se deixar a conhecer?
Promete que seguirá sendo uma
pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de
humor?
Promete que fará sexo sem pudores,
que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e
que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os
aguarda?
Promete que não falará mal da
pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros?
Promete que a palavra liberdade
seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá
responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá
lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?
Promete que será tão você mesmo
quanto era minutos antes de entrar na igreja?
Sendo assim, declaro-os muito
mais marido e mulher: declaro-os
maduros.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014
A hora (não se recorda?) era demasiado certa e humana.

(...) A sua sensibilidade dói-me.
Por certo que outrora nos encontramos e
entre sombras de alamedas dissemos um ao outro em segredo nosso comum horror à Realidade.
Lembra-se? Tinham-nos tirados os brinquedos, porque nós teimávamos que aos
soldados de chumbo e os barcos de latão tinham uma realidade mais preciosa e esplêndida
que os soldados-gente e os barcos reais. Nós andamos longas horas pela quinta. Como
tinham nos tirado as coisas onde púnhamos os nossos sonhos, pusemo-nos a falar
delas para as ficarmos tendo outra vez. E assim tornaram a nós, em sua plena e esplêndida
realidade – que paga de seda para os nossos sacrifícios? – os soldados de
chumbo e os barcos de latão; e através das nossas almas continuaram sendo, para
que nós brincássemos com eles. A hora (não se recorda?) era demasiado certa e
humana. As flores tinham a sua cor e seu perfume de soslaio para a nossa
atenção. O espaço todo estava levemente inclinado, como se Deus, por uma
astúcia de brincadeira, o tivesse levantado do lado das almas; e nós sofríamos
a instabilidade do jogo divino como crianças que apreciam as brincadeiras que
lhe fazem, porque sabem que são mostras de afeição. Foram belas estas horas que
vivemos juntos. Nunca tornaremos a ter estas horas, nem esse jardim, nem os
nossos soldados e os nossos barcos. Ficou tudo embrulhado no papel de seda da
recordação de tudo aquilo. Os soldados, pobres deles, furam quase o papel com
as espingardas eternamente ao ombro. As proas dos barcos estão sempre para
romper o invólucro. E sem dúvida que todo o sentido do nosso exílio é este – o terem-nos
embrulhado nossos brinquedos de antes da Vida, terem-nos posto na prateleira que
está exatamente fora do nosso gesto e do nosso jeito. Haverá uma justiça para
as crianças que nós somos? Ser-nos-ão restituídos por mãos que cheguem aonde
não chegamos os nossos companheiros de sonhos, os soldados e os barcos? Sim, e
mesmo nós próprios, porque nós não éramos isto que somos... éramos duma
artificialidade mais divina... (pag. 272)
In Fernando Pessoa, Toda
Prosa, Editora José Aguilar, RJ, 1974.

domingo, 16 de novembro de 2014
sábado, 15 de novembro de 2014
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
ESTUDANDO OS PRIMÓRDIOS DO LIVRO: ORÍGENES DE ALEXANDRIA

A moral consiste essencialmente
no retorno dos espíritos a Deus que é o sumo bem, e o fim de todas as coisas
consiste em chegar a suma medida do possível, semelhantes a Deus. A alma
conserva uma lembrança de seu estado primitivo, que não se apaga inteiramente
com sua união com o corpo (doutrina da reminiscência). Este é o princípio da
libertação, pois mesmo encerrada em seu corpo material, conserva sua liberdade
e pode esforçar-se para se libertar da carga do corpo a fim de retornar ao
estado que lhe corresponde. A capacidade de escolha é um fato que cada um
experimenta em si mesmo e que distingue o homem de todos os demais seres
corpóreos. Para retornar a Deus há vários caminhos, naturais e sobrenaturais,
todos convergindo ao mesmo termo. Um é o conhecimento, em que, por procedimento
dialético, a alma se eleva das realidades sensíveis até as inteligíveis. Outro
é o da autocontemplação da alma. A alma é um espírito criado à semelhança de
Deus, que conserva uma imagem da divindade e contemplando-se, encontra um meio
de conhecer a Deus. A isto se deve unir um esforço de ascetismo para purificar
a alma de seu contato com as coisas terrenas. Há ainda outro meio,
sobrenatural, a graça de Deus, merecida pela redenção de Jesus.
Orígenes deixa-se arrastar pelo
otimismo: a salvação de Cristo é universal. Deus criará sucessivamente mundos.
A história se repetirá até que prevaleça o bem e o mal seja totalmente
eliminado. Todas as almas retornarão à sua origem, uma vez terminada a
purificação, cuja ocasião é proporcionada por Deus mediante a multiplicação dos
mundos. Deste modo a ordem ficará restabelecida e Deus será tudo em todos...
(transcrito da tradução da Prof.
Léa Ferreira Laterza do livro ‘História de la Filosofia’, Fraile G. para o
curso de Filosofia Medieval, em 1984).
Apocastástase: a recapitulação, o
fato de que ‘o fim seja sempre como o princípio’. Volta de tudo a Deus, razão das
grandes polêmicas e causa da condenação de Orígenes.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014
AVE, MANOEL DE BARROS! para sempre cantor!

CULT – A exemplo de Memórias Inventadas III (2007), Menino do Mato
(2010) remonta ao tema da infância. Após muitas décadas dedicadas à
poesia, suas obras mais recentes simbolizam o fechamento de um ciclo que
retorna ao primitivo?
Manoel de Barros – Acho que não retorno ao primitivismo. Por antes acho que continuo primitivo, vez que meu caminho seria para encostar na semente da palavra, ou seja: o início do canto. Porque o ser humano começa a se expressar pelo canto.
Manoel de Barros – Acho que não retorno ao primitivismo. Por antes acho que continuo primitivo, vez que meu caminho seria para encostar na semente da palavra, ou seja: o início do canto. Porque o ser humano começa a se expressar pelo canto.
CULT – Como o poeta Manoel de Barros gostaria de ser lembrado?
Manoel – Gostaria de ser lembrado como um ser abençoado pela inocência. E que tentou mudar a feição da poesia.
Obras publicadas:
1942 — Face imóvel
1956 — Poesias
1960 — Compêndio para uso dos pássaros
1966 — Gramática expositiva do chão
1974 — Matéria de poesia
1980 — Arranjos para assobio
1985 — Livro de pré-coisas
1989 — O guardador das águas
1990 — Gramática expositiva do chão: Poesia quase toda
1993 — Concerto a céu aberto para solos de aves
1993 — O livro das ignorãças
1996 — Livro sobre nada
1996 — Das Buch der Unwissenheiten - Edição da revista alemã Akzente
1998 — Retrato do artista quando coisa
2000 — Ensaios fotográficos
2000 — Exercícios de ser criança
2000 — Encantador de palavras - Edição portuguesa
2001 — O fazedor de amanhecer
2001 — Tratado geral das grandezas do ínfimo
2001 — Águas
2003 — Para encontrar o azul eu uso pássaros
2003 — Cantigas para um passarinho à toa
2003 — Les paroles sans limite - Edição francesa
2003 — Todo lo que no invento es falso - Antologia na Espanha
2004 — Poemas Rupestres
2005 — Riba del dessemblat. Antologia poètica — Edição catalã (2005, Lleonard Muntaner, Editor)
2005 — Memórias inventadas I
2006 — Memórias inventadas II
2007 — Memórias inventadas III
2010 — Menino do Mato
2010 — Poesia Completa
2011 — Escritos em verbal de ave
2013 — Portas de Pedro Viana
1956 — Poesias
1960 — Compêndio para uso dos pássaros
1966 — Gramática expositiva do chão
1974 — Matéria de poesia
1980 — Arranjos para assobio
1985 — Livro de pré-coisas
1989 — O guardador das águas
1990 — Gramática expositiva do chão: Poesia quase toda
1993 — Concerto a céu aberto para solos de aves
1993 — O livro das ignorãças
1996 — Livro sobre nada
1996 — Das Buch der Unwissenheiten - Edição da revista alemã Akzente
1998 — Retrato do artista quando coisa
2000 — Ensaios fotográficos
2000 — Exercícios de ser criança
2000 — Encantador de palavras - Edição portuguesa
2001 — O fazedor de amanhecer
2001 — Tratado geral das grandezas do ínfimo
2001 — Águas
2003 — Para encontrar o azul eu uso pássaros
2003 — Cantigas para um passarinho à toa
2003 — Les paroles sans limite - Edição francesa
2003 — Todo lo que no invento es falso - Antologia na Espanha
2004 — Poemas Rupestres
2005 — Riba del dessemblat. Antologia poètica — Edição catalã (2005, Lleonard Muntaner, Editor)
2005 — Memórias inventadas I
2006 — Memórias inventadas II
2007 — Memórias inventadas III
2010 — Menino do Mato
2010 — Poesia Completa
2011 — Escritos em verbal de ave
2013 — Portas de Pedro Viana

Estudando o livro:
(Albrecht Dürer, São Jerônimo em seu gabinete, 1514)
DAS EPÍSTOLAS:
O
início e o fim das cartas oferecem indicações, tanto na Antiguidade quanto
hoje, sinais que permitem precisar o estado de espírito do destinatário.
Prevalecem as longas saudações e elogios. Com Jerônimo é muito diferente. A
conclusão de Dom Paulo é que as cópias existentes foram tiradas de algum
exemplar guardado por Jerônimo, onde seria possível omitir as saudações, e em
que o assunto e não o destinatário, agora, é o que importa.
O
início de uma carta, frons epistulae,
é um fragmento especial; nele em geral, refere-se ao conteúdo da carta anterior
e das condições de sua remessa. Entretanto, a nota mais pessoal fica para o finis epistulae. Assuntos mais delicados
(orçamentos, encomendas e empréstimos ficam para este momento. E também,
exatamente, porque é mais sincero os pontos mais polêmicos surgem aí. Este
ponto é especial em Jerônimo que conhece bem a força de uma palavra ardente
antes do ponto final. Os finais das cartas do monge de Belém podem ser
comoventes, ou mesmo espetaculares.
Embora
a extensão das cartas seja muito variável (surgem expressões diversas a
propósito: modus epistulae, mensura
epistulae, brevitas epistalaris) a indicação aponta para uma regra literária
que parece prescrever ou interditar certa extensão. Por exemplo, em sua Carta a
Paulino, o monge diz que a concisão que convém ao gênero epistolar o impede de
se estender mais, mas 10 páginas depois, dirá: “Bem vês que, encantado com a
Sagrada Escritura, ultrapassei o modus
epistulae; porém não realizei o queria”. O mesmo apontamento aparece em
outras cartas. Isso parece provar que a concisão era uma qualidade de qualquer
carta familiar na Antiguidade, regra reconhecida mas não realizada. O mesmo pode
ser dito sobre o tempo para redação das cartas, não é possível precisar,
fala-se muito em urgência, pressa, por causa da partida do correio. Não é
possível entretanto dizer algo mais decisivo sobre isso; uma vez, o monge
declara em sua correspondência que ‘basta uma noite, mesmo para uma carta
longa’.
Àquele
tempo, já se falava muito em Coletâneas de cartas; eram relidas vez ou outra, e
Jerônimo se refere a algumas, apresentando-as como livros. - pag. 93. – todas são tratados bem extensos
dedicados a amigos, ou escritos a pedido destes. Apesar disso, ele não se
refere às próprias cartas como livros; parece hesitar; diz que ‘uma cartinha
não pode tratar de grandes questões’, e que ‘os argumentos têm nos tratados
ressonância diversa da que têm nas cartas’. E assim, diante da extensão de
alguns trabalhos ele troca a palavras epistula para libellus, como tratado
sobre a Vida de santo Hilário. Os antigos tinham apreço às nuanças do estilo, e
buscavam nas cartas um sabor especial que não se atribuía aos ‘simples’
tratados didáticos. (grifo meu)
Cartas
fictícias: não datam da modernidade, mas Jerônimo já se debateu com a questão.
Para marcar diferenças entre dois textos gregos, por exemplo, para polemizar,
para empreender correções ou por ‘outras
causas menos conhecidas’, parece a Dom Paulo que é ‘suficiente assinalar um emprego eventual de cartas fictícias por parte
de Jerônimo’. E entende que é necessário reiterar que o monge era um mestre
de técnica perfeita quanto à correspondência.
SEGUNDO:
A técnica do livro segundo São Jerônimo, Dom Paulo Evaristo Arns,
CosacNaify, SP, 2007.

Assinar:
Postagens (Atom)
Hilda, a mulher de coragem
Hoje, terça feira, 10 de abril: LETRA EM CENA A professora Eliane Robert de Moraes analisa a obra de Hilda Hilst. Nesta terça-feira (10)...

