
A moral consiste essencialmente
no retorno dos espíritos a Deus que é o sumo bem, e o fim de todas as coisas
consiste em chegar a suma medida do possível, semelhantes a Deus. A alma
conserva uma lembrança de seu estado primitivo, que não se apaga inteiramente
com sua união com o corpo (doutrina da reminiscência). Este é o princípio da
libertação, pois mesmo encerrada em seu corpo material, conserva sua liberdade
e pode esforçar-se para se libertar da carga do corpo a fim de retornar ao
estado que lhe corresponde. A capacidade de escolha é um fato que cada um
experimenta em si mesmo e que distingue o homem de todos os demais seres
corpóreos. Para retornar a Deus há vários caminhos, naturais e sobrenaturais,
todos convergindo ao mesmo termo. Um é o conhecimento, em que, por procedimento
dialético, a alma se eleva das realidades sensíveis até as inteligíveis. Outro
é o da autocontemplação da alma. A alma é um espírito criado à semelhança de
Deus, que conserva uma imagem da divindade e contemplando-se, encontra um meio
de conhecer a Deus. A isto se deve unir um esforço de ascetismo para purificar
a alma de seu contato com as coisas terrenas. Há ainda outro meio,
sobrenatural, a graça de Deus, merecida pela redenção de Jesus.
Orígenes deixa-se arrastar pelo
otimismo: a salvação de Cristo é universal. Deus criará sucessivamente mundos.
A história se repetirá até que prevaleça o bem e o mal seja totalmente
eliminado. Todas as almas retornarão à sua origem, uma vez terminada a
purificação, cuja ocasião é proporcionada por Deus mediante a multiplicação dos
mundos. Deste modo a ordem ficará restabelecida e Deus será tudo em todos...
(transcrito da tradução da Prof.
Léa Ferreira Laterza do livro ‘História de la Filosofia’, Fraile G. para o
curso de Filosofia Medieval, em 1984).
Apocastástase: a recapitulação, o
fato de que ‘o fim seja sempre como o princípio’. Volta de tudo a Deus, razão das
grandes polêmicas e causa da condenação de Orígenes.

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