A técnica do livro segundo Dom Paulo segundo São Jerônimo segundo...:
“Mas, enfim, tudo isso ainda não
ultrapassa a etapa da redação. Uma segunda correção é feita no manuscrito, e
consiste no confronto da cópia com o original. Nela, os copistas partilham com
o autor a responsabilidade do estado definitivo de um escrito, e isto cada vez que
uma nova cópia acaba de ser completada segundo o modelo. (...)
Eis nosso manuscrito pronto para
ser publicado. Digo ‘manuscrito’, embora os latinos não tenham conhecido este
sentido moderno da palavra. Quando empregavam o termo ‘manuscrito’, no século
III da era cristã, queriam dizer o ‘caráter autêntico ou autógrafo’ de um
documento, e não o fato de sua escrita manual. (...)
A prova irrefutável de que um
manuscrito está conforme o original, até nos menores detalhes, é a concordância
das cópias entre si. Jerônimo vai além em suas conclusões: esta concordância
perfeita fornece a prova de que o exemplar modelo foi realmente acabado e publicado;
um rascunho não pode cópias uniformes.
Precisamos, por acaso, perguntar
de onde vem esta variedade de textos? A cópia individual a explica em grande
parte. Mas Jerônimo a atribui também ao lugar de origem dos textos. A base mais
garantida para o texto da Sagrada Escritura lhe é, evidentemente, dada pelos trabalhos
de Orígenes. O fato é por demais conhecido. Para os Setenta – dos quais
Jerônimo fala muito mal -, ele indica uma tripla fonte de manuscritos: para
Alexandria e todo o Egito, Hesíquio; para Constantinopla, até Antióquia, os
exemplares do mártir Luciano; para as províncias situadas entre as duas
precedentes, os códices palestinos, elaborados por Orígenes e difundidos por
Eusébio e Panfilo. A terra inteira vive em guerra devido a esta tripla fonte.”
Colagem a partir de:
A técnica do livro segundo São
Jerônimo, Dom Paulo Evaristo Arns, CosacNaify, SP, 2007.
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